segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Na cidade

Penso na música de Chico e me inspiro
Enquanto indiferentes pensam que caminho pelas ruas da cidade
Passo pelo Paço em direção ao CCBB
Onipotente templo da cultura urbana
Mas até lá chegar
Passo também por engravatados (aparentemente bonitos)
Com seus gestos másculos-sexy-capitalistas
Cheirosos e bem vestidos capitalistas que passam
E depois deles
Infinitas donzelas, mazelas, “cachorras”, mulheres
De respeito... (mas que peitos!)
Enquanto isso
Passam-se os homens, os ônibus, a vida...
Uma pobre anciã que mal cheira em pleno centro da cidade
Indiferente ao perfume que uso sem pretensão
Desfila a sua pobreza em pleno centro da cidade
Observo a arrumação que ela calmamente faz
Na calçada onde se hospeda
Tem os pés nas pedras e uma ferida suja na mão
Parece cansada, a coitada, mas nada a detém !
E eu não suporto o cheiro que o ambiente exala.
Há com ela um mimo
Um gatinho malhado e magro
Com o olhar estranhamente sábio e sofrido
Há também flores semi-mortas num buquet
E talvez um anjo que ninguém vê !
Há um ramo de arruda também
Deve ser para tirar o mau olhado, diria minha mãe
Mau olhado de que, mãe?! Mau olhado do quê?! (...)




Mais um casal de namorados no ponto de ônibus
Da primeiro de Março
Que se amassam e se beijam
De repente um disparo!

Não vejo mais nada...

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