segunda-feira, 29 de setembro de 2008




O LIVRO DOS TEMPOS DE HOJE E DO CICLO DA VIDA COMUM


1.O livro dos sonhos
2. O livro dos tempos de hoje e do ciclo da vida comum
3. O livro dos amantes
4. O livro das preocupações
5. O livro do destino
6. O livro dos dias
7. O livro dos anjos
8. O livro dos homens
9. O livro dos poemas mortos
10. O livro das reflexões da verdade e das ilusões
11. O livro das canções perdidas
12. O livro das esquisitices







NEM QUEIROZ
2006/2007

ÍNDICE


O LIVRO DOS SONHOS
1.Minha alma de artista
2.A bondade dos homens
3.Nação de dois
4.Inverno com sol
5.Toda juventude
6.A importância das pequenas coisas
7.Enquanto estavas ali
8.Para onde eu posso ir
9.A poesia voa
10.Vai José
11.3x4
12.Ainda e para sempre
13.Do sonho

O LIVRO DOS TEMPOS DE HOJE E DO CICLO DA VIDA COMUM
1.Desses tempos
2.Tempo de violência
3.Se contorcendo de dor
4.A divina tragédia urbana
5.Náu à deriva
6.Cansaço
7.Semblante
8.Mofa
9.Depois quando você souber
10.Os dezmandamentos

O LIVRO DOS AMANTES
1.Confetti
2.O homem mais feliz do mundo
3.Julia jóia rara
4.Um poema para Mônica Besser
5.Meu doce anjo azul
6.Do tamanho do mundo maior
7.Ventinho bom
8.Mariana
9.Carolina
10.Fragmentos de um Amor/poema em construção
11.A paixão
12.Romances
13.Surrealismo


O LIVRO DAS PROCUPAÇÕES
1.Estô-A-mago
2.Em tempo de copa!
3.O labirinto
4.De vez em quando eles voltam
5.O sopro do dragão
6.Casca de banana
7.Terra molhada
8.Por aqui aonde
9.Filtro
10.Ciclo
11.O fim do fim

O LIVRO DO DESTINO
1.O ballet dos miseráveis
2.Crítica do previsto
3.O passarinho
4.Daqui do mundo
5.Crítica do milagre
6.Um dia qualquer depois do ano 2000
7.Passeio público
8.O homem morto
9.Fracasso retumbante
10.Do coração, o limiar da esperança
11.Açoite

O LIVRO DOS DIAS
1.O poema de Drummond
2.Sândalo
3.Pomar
4.Na cidade
5.Sacrifício
6.Chinelas
7.Poema sobre um Caju
8.Descoberta
9.Diferents boys
10.Do que se vive

O LIVRO DOS ANJOS
1.Dever de casa
2.As minhas férias
3.O planeta “X”
4.A menina na lua
5.No ar
6.A minha mãe
7.Eu olho
8.Reminiscências

O LIVRO DOS HOMENS
1.Do homem
2.O semelhante
3.Homens de bem
4.Querido Queiroz
5.Código
6.Fétido
7.A valsa
8.A cidade dos homens tristes
9.Ei, patrão
10.Muito menos mais
11.O homem pedra
12. A verdade é uma loucura

O LIVRO DOS POEMAS MORTOS
1.Adeuses
2.Sepulcro
3.Anjo de mim
4.Velório
5.Estanco
6.A alma do sol nascente
7.Dez anos
8.O canto de Deus
9.Bicicleta
10.Jorge divino carpinteiro
11.Sândralo
12.Ulisses
13.Em volta a rosas e espinhos
14.Tia Dora
15.O corpo e a alma
16. Éramos nós
17.Doce vingança

O LIVRO DAS REFLEXÕES DA VERDADE
E DAS ILUSÕES
1.Reflexões ao pé da cama
2.Nada escapa dos sonhos que tive
3.Aos trinta e cinco
4.Gulodices
5.Do coração
6.Luz ingênua luz
7.Os anjos
8.Lasanha
9.Natal
10.Ciranda
11.Souvenir
12.Reticências
13.Porque morri

O LIVRO DAS CANÇÕES PERDIDAS
1.A grande tempestade
2.O inimigo
3.Insuportável
4.A pátria
5.Revolução
6.Destruição sobre todas as coisas
7.O processo
8.Discurso da servidão voluntária
9.Sexo & solidão
10.Eu sempre me lembro
11.Eu não posso mais te amar, Baby
12.À deriva
13.Retrato de um jovem desconhecido
14.Solidão
15.Yara sexy blues
16.Cabeça - O soldado do mal
17.Um homem muito esquisito
18.Fábrica de sonhos
19.Coração coragem
20.As centúrias

O LIVRO DAS ESQUISITICES
1.Estômago
2.O lugar certo
3.Fluxo/refluxo
4.Sinais
5.Branco
6.Osquê
7.Mal elemento
8.Quem não sabe nada não sabe nada
9.Basquiat blues
10.Palavrão
11.Pânico
12.Esquisitices
13.Abrir a mente

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O LIVRO DOS SONHOS


O LIVRO DOS SONHOS

Minha alma de artista

Minha alma de artista
Que tanto adoro e tenho
Não será por nada consumida
Destemida
Terá antes como sempre
O seu toque de Midas
Ninguém conseguirá vencer
Minha alma do artista!

A bondade dos homens

Você é um poeta!
Não pode ser tão rude
Tem um anjo querendo ser você
Agora esperamos a paz
Como quem espera a chuva
Esperamos por palavras que nos ajudem
Feito vento como esperança
Para que leve essa praga para bem longe daqui
A VIOLÊNCIA
Eu acredito em anjos !
Porque acredito na bondade dos homens
E os anjos nada mais são
Que a bondade dos homens
Quando essa aflora
Pessoas que encontramos pelo caminho
Que formam ninhos
Como quem deles para sempre fossem cuidar
E cuidam
Porque essa é a missão !
Para depois partirem em direção ao sol
De volta para casa
Para suas vidas comuns sem saber
Voltando a ser pessoas comuns
Não por isso deixando de ser especiais

E a vida seguindo no coração da gente
Vai seguindo com a gente no seio do coração da vida...

Nação de dois

O teu Amor
É a única nação que eu reconheço
Minha terra desbravada
Meu campo de sonhos
De lírio e cor
Meu verdadeiro Amor!

Meu verdadeiro tudo
Meu verdadeiro eu
Nós dois! Nós dois!
Nação de dois!

O teu Amor

A maior e a única nação
Que o meu coração reconhece
Confia e acredita!

Meu Amor
Meu único e indivisível Amor!

Inverno com sol

As crianças flutuando em velozes bicicletas
Correndo sem pressa
Contra o vento e à favor
Emanando gritinhos empolgados
Bem nas primeiras horas
Do dia e da manhã de um inverno com sol
Dentro de um tempo bom e agradável, eu sei
Existe poesia ali, eu sei ( eu sei que existe! )
Eu sinto, eu capto, eu vejo!
E ali permaneço
Imóvel no silêncio do gracejo sublime que a vida me traz
Eu vivo a cena e morro nela
Eu as vejo da janela
E me misturo a elas
Que não notam
Que não sabem, que nada sabem
Que me invadem e que me varrem
Com o vento que me atropela
O poeta é uma delas
Se reconhece nelas
Que devoto tanto as ama
Mas elas são fugazes, ases, átomos de energia, pilotos do espaço sideral
Anjos que não se sabem
Mas que o poeta vê e crer
E não consegue descrever
Mas insiste e persiste até que desiste
Pois entende que o que transcende é viver simplesmente viver!
O poeta larga a pena, contempla a cena e se contenta
Apenas saúda o que ver!

Toda juventude

Ó juventude feliz
A juventude sempre assim o é
Feliz
Quando não mais é não é mais
Juventude
Mas assim ela é sempre assim será
Que jamais saberá
Por isso assim se faz
Bela, altiva, vivaz
Ó juventude de todos nós
Agora que sei
Que um dia se vais
Fique um pouco mais!

A importância das pequenas coisas

Agora que grande
A importância das pequenas coisas
Do adulto que fujo
A inocência que busco
Perdida noutro instante
A vida que prossegue
Segue até mais que não se alcança
A importância das pequenas coisas
Dentro das coisas que não têm mais importância
Das pequenas coisas, o pequeno momento
Do que depende o monumento do teu momento (?)
Uma simples oração
O tributo do silêncio
Muita atenção
Do que não compreendes
Tente
Desvende o seu pequeno momento
Dá importância às pequenas coisas
Que delas a essência é verdadeira

Enquanto estavas ali

Enquanto estavas ali
Escrevi dez poemas
Oito canções e trinta e um sonetos
Todos secretos e inimagináveis
Dentro de mim

Enquanto estavas ali
Trilhei longos caminhos
Passeei por praças e jardins
Dei milhos aos pombos
Andei de bicicleta, cheguei aos céus!

Enquanto estavas ali
Pude compreender
O quanto pode um homem
Como eu
Que não pode nada!

Para onde eu posso ir

De tudo que eu já li
E não lembro uma palavra
De tudo que eu já vi
E não tenho uma fala
De todo o Amor que eu sei que existe
Para onde eu posso ir (?)

A poesia voa

Às vezes sou acometido de uma timidez perversa
Às vezes não tem nem conversa
Se verso, só para mim, particular
E me afogo num silêncio distúrbio
Que disseca a garganta
E nada me alcança
E mais uma vez me afundo
Permaneço onde estou
E não deixo a poesia voar
Mas ela voa mesmo assim ela voa
A poesia voaEu é que não saio do lugar

Vai, José!

Vai José, buscar o tempo perdido
Vai em busca da tua vida atrasada
Buscar teus sonhos mofados
Para pô-los num jardim de flores e sol sem fim
Expô-los para uma nova vida
E que nesta nova vida
As horas e os dias sejam marcados de feitos incessantes de sucesso e de luz
Que o corpo não esteja mais sujeito a nenhum contratempo de última hora
Que todas as maledicências e todas as preguiças vão embora
Que o teu único momento seja o passo adiante
Que o AGORA seja a tua glória, a tua estória, tua aurora, o teu instante singular
Vai, José, ser o que és e não deixar dúvidas
Vai José, vai à luta
Vai José, vai
Vai José, vai... vai, vai, vai.

3x4

Será que sonhei o que não podia?!
Será que não sonhei o que devia?!
Disseram que sonhar nada custava
Meus Deus, como me custa!
Diziam que para sonhar bastava dormir
Pois eu tive que ficar muito bem acordado
Porque a turbulência era grande
E a realidade um pesadelo
E eu não tinha nem travesseiro
E ainda assim sonhava demais
E como sonhava!

Ainda e para sempre

Esta noite eu tive um sonho
Bonito e estranho
Desses que a gente não se vê
Desses que nos acompanham
Por um bom tempo
E as vezes a gente nem percebe
Que rege os nossos dias
Como num filme de ficção
Onde pessoas são imagens
E imagens, abstração
Esta noite estive sonhando
Com o ainda e o para sempre
Que só existe dentro da cabeça da gente
Ou no coração
Esta noite eu sonhei que estava vivo
Ainda e para sempre...

Do sonho

Mas o sonho não era um sonho...

Era um livro !

Mas o livro não era um livro...

Era um sonho !

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

* O LIVRO DOS TEMPOS DE HOJE E DO CICLO DA VIDA COMUM


O LIVRO DOS TEMPOS DE HOJE E DO CICLO DA VIDA COMUM

Desses tempos

Triste é meu tempo
Que não tem valor algum
Poeta algum
Nenhum poeta
E o amor e a honra
Pobres desgraçados desses tempos vis
Pobres desgraçados também os homens
Que o dia todo só colhem cansaço e descrença
Que não prosperam
Que nunca prosperam!
Que servem involuntários
A seus fracassos e às suas desordens
Suas derrotas garantidas de todos os dias
Desses tempos e desses homens
Que lutam, que riem, que torcem
E que nunca vencem...

Tempo de violência

Uma vez a violência olhou em nossa direção
E com seus olhos medonhos e cerrados
Intimidou a todos
Atravessando como um cão raivoso
As vielas de nossos destinos
Nos deixando por um bom tempo impotentes
Como se estivéssemos nus
Diante de um dragão
E seguiu a estrada escura
Ainda nos mirando de soslaio
Como que nos jurando imponente e por nada
Nos exigindo até a última gota de tensão
Outra vez noutro dia
A violência rosnou para nós
E dessa vez sem olhar ou até mesmo notar
Quase nos acertou em cheio
Com suas garras estúpidas e o seu fogo maldito
Era o sopro do dragão
Mas dessa vez permanecemos firmes
Como quem já aceitasse o que está escrito
E compreendesse
Que tudo pode mesmo estar sempre por um fio
E o que nos resta...
O que nos resta ?!

Se contorcendo de dor

Se contorcendo de dor
De Amor
Se contorcendo de dor
De fome
Se contorcendo de dor
Dos homens

Se contorcendo de dor
Se contorcendo de dor
Se contorcendo de dor

Se contorcendo de dor
De raiva
Se contorcendo de dor
De solidão
Se contorcendo de dor
De carma
Se contorcendo de dor
Na escuridão

Se contorcendo de dor!
Se contorcendo de dor!
Se contorcendo de dor!

A divina tragédia urbana

Para YUKA


Apago a luz, acendo a luz
E torno a apagar e volto a acender
E o dia já vai raiar
E eu não consigo adormecer

Onde está a minha calma?!
Minha alma alarmada
Eu não consigo esquecer
Tudo o que preciso!

A divina tragédia urbana

Eu já estou em casa
Eu tenho ventilador
Se eu quiser tomar um banho
Comer alguma coisa...
Mas esquecer !

( Oh, paz... aonde estás ?! )

Náu à deriva

O pensamento parou de funcionar
Pararam também as mentes
Cessaram-se as correntes
E as ideologias findaram–se por fim
Cansaram-se os corações
Desafinaram-se as canções
Silenciaram a nação
Com rumores do porvir
Os poemas também secaram
E as utopias asfixiou
Despertaram-se os sonhos
E o povo inteiro se calou
Traíram então a energia
E esqueceram do Amor

E os olhos então perderam o brilho
No horizonte longínquo
Da esperança perdida...
Do onde estamos para o aonde eu vou...

Cansaço

Ah, essa volta para casa
Que cansa mais do que o trabalho
Ah, esse cansaço de horas vagas
minutos incessantes, marcha lenta
Que se arrastam, que atravessam
Não as ruas mas a nós
Que nos causa estresse e enjôos
Tudo isso e ainda isso !
Essa malemolência do corpo
A maledicência da língua
O cansaço da mente
Ah, esse povo pingente
Esse tráfego indecente
De momentos inóspitos e horrendos
Ah, esse caos
Essa hora que como hora
Deveria ser agora
O início do descanso
E não o início do cansaço...
Ai esse cansaço!

Semblante

As pessoas estão tranqüilas!
Passeando no jardim de concreto – tempos modernos
Sem livros, boutiques de luxo
Preços absurdos que eu jamais concordaria
Mas como andam tranqüilos esses seres, meu Deus!
Livre absolutamente de tudo, desconfio
Parece que viver é mesmo essa coisa que passa na novela
Simples, macio e fácil
Quando eu sei que não
( Ou será que não sei ?!)
Tirei o dia para passear e me misturei a eles
Que inveja sinto deles neste momento!
Sua tranqüilidade é absurda, quase absoluta
A minha é de pedra
Por isso tanto peso
Eles tomam sorvetes, namoram com o tempo, conversam, passeiam
São livres completamente
E nos seus semblantes a vida de um E.T.
Ou de um pássaro, talvez
Está tudo tranqüilo neste mundo tranqüilo
Nesta bela tarde tranqüila e vazia
Nesta bela cidade e país de calmaria
Que até os anjos não suportariam
Estamos todos bem!

Mofa ( zombaria )

As pessoas estão sem rumo
As pessoas estão sem casa
As pessoas estão sem emprego
As pessoas estão sem cara
E não têm trabalho
Nem o caralho sobe mais
Estamos ficando broxa antes do tempo
Os filhos nascem e precisam comer
Os pais parem e precisam criar
O governo não cria nada e precisam gastar
E a opção mais barata é o pobre se virar como pode
Como dá
Alguns até que têm sorte e conseguem um empreguinho de nada
Para ganhar um salariozinho de merda
Para sustentar uma família inteira
Para poder estar dentro da lei dos homens
Para poder dormir em paz
Enquanto o outro o que faz sem nada
É só puxar o cão para trás
Só, com o estômago nas costas e uma oportunidade nas mãos
Vai recrutar o menino
Vai botar o terror nos intestinos
É só ameaçar puxar o gatilho
Para ter o que quiser nas mãos...
Se as pessoas estão sem casa
Se as pessoas estão sem rumo
Se as pessoas não têm emprego
Se ninguém têm mais dinheiro
O que elas vão ter nas mãos?!

Depois quando você souber

Depois quando você souber
Da essência verdadeira
Repare e observe, preste atenção
Na vida
Que na vida saberás quanto de sol se pode Ter
Quanto de sonho pode valer
Por que duvidar se podemos acreditar
Tanto no sonho quanto em nós mesmos
A tua esperança é uma esperança
E a esperança é a alma do mundo
Que poderemos compartilhar feito crianças
Acreditando um no outro
O Amor é para todos
Quem duvida é quem não pode sentir
É hora de saber
Só não se educa quem não quer saber
Só não se sabe quem não quer
Só quem não quer é quem não sabe
Quando você souber de toda verdade
Compreenderá por fim o teu coração.

Os dezmandamentos

Em busca de um céu
Todos enlouqueceram
E acabaram vivendo um inferno

Em busca da paz
O homem guerreou até cessar a vida

Em nome do Amor
Enganou seu semelhante
E pensou estar sendo feliz de verdade

Se divertiu às custas
Dos menos favorecidos

Foi bruto, estúpido, ingênuo...

Entristeceu, esfriou-se
E não entendeu por quê

Viveu em vão a vida que lhe foi dada

Por ambição destruiu o mundo que era seu
Como se fosse dos outros

E por fim, desapareceu da face da terra
Sem ter vivido a metade do que podia...

Não evoluiu !

* * * O LIVRO DOS AMANTES


O LIVRO DOS AMANTES

Conffetti

Versos para Julia

Versos para Adriane

Versos para todas as mulheres

Versos para todos os amantes!

O homem mais feliz do mundo

Foi exatamente ali

Que outrora nos encontramos

Era uma manhã de um dia chuvoso

E ela me apareceu

Com uma mochila nas costas

Um guarda-chuva nas mãos

Com o seu velho casaco vermelho...

E de repente

Eu era o homem mais feliz do mundo!

Julia jóia rara

Teus olhos e teus lábios
Profunda delicadeza do que não sei
Que não sai da minha mente nem do meu céu
Contemplação da Paz do meu silêncio
Das vezes que me vejo
Vendo os olhos que me são tão atraentes
Mas que não são meus

Lábios e olhos de brilho de jóia rara
Beleza rara de brilho penetrante
Tão linda és quando chegas de surpresa
Tão bela sois quando invade o meu instante

Um poema para mônica besser

Eu sempre quis escrever um poema
Para Mônica Besser
Um poema que não fosse poema
Um poema que não pudesse ser carta
Algo que se perdesse em sua essência
Algo que não fosse marcado
Um poema que não pudesse ser montado
Que não tivesse versos, marcas, nenhuma ferramenta.
Que não tivesse forma, que não tivesse fama.
Que não tivesse letra
E que mesmo assim pudesse ser um poema
Cheio de carne, cheio de charme, de graça, onipotente.
Que pudesse faze-la contente
E que me fizesse assim também

Eu sempre quis entrar na vida deste poema
Um poema estático, tão belo quanto fácil.
Eu sempre quis entrar na vida de Mônica Besser
Eu sempre quis escrever um poema sobre Mônica
Eu sempre quis escrever um poema para ela
Um poema para Mônica Besser...

Meu doce anjo azul

O que queres tu
Meu doce anjo azul
Um corpo perfeito, uma alma perfeita?
Uma perfeição!
O que há de ser...
És tão especial, se achas tão especial,
O que você mais quer?
Uma vida completa
Não é repleta só de sonhos bons
Olhe por entre as frestas, olhe por entre os fatos
Onde está o que não presta
Pode estar o que mais desejas
Ou o que procuras
O que você procura?
Mas você não é assim
Você não é das nossas!
Você nunca perde o controle!
E parece sempre tão certa e tão forte
Tão serena e justa, meu doce anjo...
Você é quem me assusta, quem me dá medo
Quem me provoca temor
Mas onde eu mais vejo graça
Onde eu mais vejo amor!
Mas o que você deseja
Não é o que eu desejo...
Que você me queira, que você me ame
E sem sair do lugar
Você desaparece
Bem à minha frente, bem à beira-mar
E feito um anjo diferente
Você se entristece
Mas o que você quer de tão especial
Meu doce anjo
O que você procura?
O que você espera?
O que você quer agora
Meu doce anjo
O que você quer?
O que você deseja...
Hein, meu doce anjo azul!

Do tamanho do mundo maior

Cresça meu amor, cresça!
Tu não entendes de muita coisa ainda
Mas eu adoro o seu jeito de não entender
A vida ensina, mas o amor é mais!

Cresça amor, cresça e entenda
Me envolva, me tome, me faça feliz
Cresça do tamanho de um mundo maior
Me tire o fôlego, me tire a roupa
Queime!
Que eu farei do seu tamanho, o meu recanto
Então cresça meu amor, cresça!
Cresça para dentro, cresça para fora
Cresça para os lados, cresça para todos os lados
Cresça para aprender, para ensinar
Cresça para ser grande!
Cresça e me ache, cresça e me encontre
Cresça e me abrace, cresça e me ame
Cresça meu amor, apenas cresça!

Ventinho bom

Oh, que ventinho bom
Nesses dias mais ensolarados
Esse que vem agora
Nesses dias de sol
Que deveriam nos ser sadios
Mas áridos e até sombrios
Só nos oferecem seca, deserto e desproteção
Oh, que ventinho bom
É essa nossa amizade dentre outras tão fulgazes
Nesses tempos tão velozes e atropelados
De corrida por um ouro cada vez mais perverso
Oh, mas que ventinho maravilhoso
É esse nosso amor que me refresca
De um mundo tão difícil e infernal
Que me expande os ares
Que me devolve alguma praticidade
De sonhos já tão enfadonhos
De tanto que são sonhos, nada mais...

Ah, mas que ventinho mais gostoso é você, meu Amor!

Mariana

Então quando lhe vejo
Sei que é sonho
Porque realidade assim
Só em sonho se percebe
Porque sonho assim
Em realidade não existe
Porque em sonho assim
Penso que não sou triste!

Carolina

Carolina é como se chama a chama que arde
A chama que arde
Carolina
No peito que bate
No olho que mira
No corpo que transpira
Na cabeça que pira
No desejo que ilumina
A vontade que age
No trêmulo pulsar do disfarce
Carolina Carolina
Tens lugar de destaque
Tens lugar de princesa
És o luar da cidade
És do olhar a beleza
A beleza que passa
E a beleza que nunca passa
Sois Carolina
Carolina cheia de graça!

Fragmentos de um amor/poema em construção

Com você o dia é sempre uma alegria
Eu observo os teus movimentos e me apaixono
Eu não consigo evitar de me aproximar de você
O modo como você fala exala poesia
Por todos os cantos por onde você passa
Eu adoro o jeito como você anda
E se veste e sorri
Tão excitante a maneira de você ser
Despojada e ao mesmo tempo
Tão simples e avançada e sempre tão moderna
As coisas a que você se entrega
Tudo o que você faz
A sua maneira, a sua pele, a sua temperatura
A sua postura e a sua paz
Até o modo como você olha as coisas
Me emociona
Me comove quando o dia amanhece
E eu posso observá-la na primeira hora da manhã
Para tê-la pelo resto do dia inteiro e noite adentro
Dentro do meu pensamento
E quem me dera ao menos uma vez
Estar no meu poder tocar tais lábios
Tão macios e desejáveis
Ah, tão macios e desejáveis lábios
E poder também estar na mira de seus olhos
Tão pequeninos e tão espertos
Ser o centro da sua atenção
Nem que por um ínfimo momento
De alegria, amor ou compaixão

Mas isso não acontece!
Isso não acontece...

Você é tão sexy !
Tão atraente e elegante
Tão doce e tão quente
Você é um blues!
Canção de lamento e de paixão absurda
Que toca n’alma da gente
Você é uma tentação !
Você é mais que isso
Você é com a certeza de um Deus
Uma promessa certa de felicidade
Pois contigo
A vida parece ter mais vida
O vermelho parece ser mais vermelho
As cores mais bonitas
A alegria mais alegre
A poesia mais poesia
Eu mais eu!
A vida mais real...

Você tem uma ternura mágica na voz e no olhar
Você me ensina e eu reaprendo a sonhar
Mesmo agora estando eu tão acordado
Ardendo... sob um sol invisível.

A paixão

A paixão devia-me vir assim
Serene, branda, bonita e romântica
Como o sentimento parece ser

Mas não!

Ela vem
Quente , agitada, desassossegada
Forte e arrasadora
Como deve ser !

Romances

Romances acabam comigo
Romances machucam o meu coração
E não é que eu não os acho bonitos
É que sempre vem a sensação
De que eles não se importam comigo
Então para mim não tem razão

Eu disfarço
Eu crio um mundo de ilusão
Eu vou bem fundo
Eu quero tudo!
Eu extirpo o coração

Eu vou à luta
Eu quero a tua emoção
Eu fico à risca
Fico à deriva
Eu me vejo em outras mãos...

Romances acabam comigo!

Surrealismo

Elementar é a espera de quem ama.

> * > O LIVRO DAS PREOCUPAÇÕES


O LIVRO DAS PREOCUPAÇÕES

Estô - a - ma(r)go

Meus olhos fotografam o invisível
Por isso nem eu mesmo sei
Todas essas pessoas que aí estão
Tornar-se-ão cúmplices do fracasso
Que eu também não sei
Se assim serei
Porém tenho a responsabilidade inteira
Que abraço e assumo
Ninguém mata ninguém senão por consentimento
Oh, minha essência escapulida de mim
Sois tu
Que me mantém forte
Lutai também por mim
Não me abandone em nenhuma circunstância
(No máximo, se mantenha à distância)
Mas não esmoreça jamais
A cada dia torno-me cada vez mais
Pessoas que aí estão

Em tempo de copa

Nada de tédio!
Hoje a seleção entra em campo
E com ela todo o encanto
De uma pátria de chuteiras
Incapaz de alguma tristeza
Desde que a vitória seja certa
Em tempo de copa do mundo
Todo mundo é feliz
Nem os telejornais sobrevivem
Não há outro tipo de notícia
Se não o da bola que rola
Nos gramados longínquos e aguardados
Notícias as quais estávamos quase acostumados
De morte, guerra, horror
De um mundo em profusão
Não existe mais
Não como eles mostravam
Todos os dias
Parecia até que existiam outros mundos
Porque todo dia explodia um!
Agora não!
Só o mundo da bola é o que importa
Porque em tempo de copa, o mundo é mais feliz!
Os povos são outros!
O mundo é outro!
O Ibope é outro!
O Futebol ainda vai salvar o mundo!!!

O labirinto

Ó espírito meu amargo, acre e doce
Ó minha moléstia encantada de um coração
Desesperado destroçado e ambíguo
Ó mágoas insolentes dessa minha paixão sempre crescente e pouca
Por que procuras esse meu coração?!
Qual descanso será o teu porto seguro?!
Meu corpo galopa solitário pelo calendário da ampulheta
em seu final
Ó minha vida de amores nunca de fato encontrados
Desencontrados dentro de mim como um fardo elétrico e amorfo
Quem sou ?
Sem Deus de quem tanto necessito e acredito e grito
Não me permitas nunca morrer sem antes entender o rito
Esse carnaval onde todos são felizes, maus, fugazes
Ó Deus desalmado de minha ignorância
Minha alma sangra
Porque o amor que procuro, entendo e tento não está em mim
E no desalento num labirinto de tormento não me reconheço no outro
E sozinho me sinto torto, um oco de tentativas vãs
O Amor está apodrecendo em mim
Preciso libertá-lo!

De vez em quando eles voltam !

De vez em quando eles voltam
Para me atormentar
Para me lembrar de que sou um fracassado
De que o meu caminho é o meu carma
De que eu não sou eu
De vez em quando eles voltam para me apavorar
Com o seu futuro de mesquinharias garantidas
Para me lembrar de que o meu modo de vida
É o pior que há
Que eu devo seguir o seu exemplo
De que tanto detesto e abomino
E depois que eu grito e sangro eles vão embora
Mas deixam a sensação de que eu sou uma ilusão
E tudo volta ao normal
Carinhos para o pai
Benção para o filho
Sorrisos fraternais de familiares e amigos
E nos olhos algo ainda esquisito!

De vez enquanto eles voltam.

O sopro do dragão

Os dias nos chegam feito uma tempestade
No fim do céu
O bafo da pressão na nuca do cidadão
Saliva com gosto de fel
Mel com gosto de cachaça
Faz de conta que faz de tudo para livrar a cara...

Mas quem se importa com sua aflição?!

- Olha o sopro do dragão!!!

Casca de banana

Minha vida tem sido assim
Estou bem !
E de repente
Sem mais nem menos
Escorrego numa casca de banana
E caio num inferno!

TERRA MOLHADA

Gosto da chuva
Mas para tê-la apenas da minha janela
Não na minha cabeça ( Ou então dentro dela )
Não sobre sem guarda-chuva
Mas eu não gosto de guarda-chuva!
Gosto do clima que dela exala
Nos remetendo a pensamentos nostálgicos
Do friozinho gostoso que nos propicia
A chuva de um só dia ou de alguns
Mas nunca pesada
Essa destrói muita coisa
Deixa gente desabrigado
Não tem piedade nem classe alguma
Dessa nem da janela quero ver
Pode até haver alguns relampagozinhos e alguma breve trovoada
Para a espera da namorada ficar mais romântica
Para flores do asfalto (da cidade) lembrar do campo
Chuva só para refrescar
Para subir aquele cheirinho de terra molhada
Para lembrar da namorada, dar vontade de ir ao cinema
Ou para cama gostosa e dela não querer mais sair
Chuva para essas coisas gostosas da vida
Mas chuva que não avisa, que não é amiga
Mas truculenta forte grossa e atrevida
É chuva que ninguém gosta
É chuva que não se habita
É chuva que inunda a gente
E deixa gente sem vida
Essa chuva que machuca
Deixa triste a cidade...

POR AQUI AONDE

Tem bastante borboletas por aqui
Pra caramba, eu diria!
Cigarra já vi até morta!
As moscas são impossíveis de não ter
Aqui tem tanta borboleta quanto passarinho

Aqui é o lugar que tem!
Tem borboleta, tem algazarra, tem cigarra
E casulo também
Tem joaninha e esperança
Deu até que tem zunido
Tem barata e mosquito
Minhoca a gente pega na mão
Lagarta e lagartixa também
Aquele bicho até entrou lá em casa!
Gatos de verdade e gatos de pelúcia
Formigas com asa, tanajura e caramujo...

Mas conforme os homens vão chegando
Mas eles vão sumindo...

FILTRO - Foi preciso morrer para não pisar nas flores

É preciso acabar com a monotonia
É preciso dissipar toda a hipocrisia
É preciso rebelar-se contra a falsidade
E contra todo o tipo de maldade:
- Fé, força e coragem!

É preciso acabar com a pornografia
É preciso extinguir toda a melancolia
É preciso ser forte para não sofrer horrores
Foi preciso morrer para não pisar nas flores...

É preciso uma hora para a meditação
É preciso desligar a televisão
É preciso todo o esforço único ou conjunto
Para dignificarmos pelo menos o nosso fim de mundo.

É preciso desligar a televisão
É preciso desligar a televisão
É preciso desligar a televisão

Foi preciso morrer para não pisar nas flores...

CICLO

Quem aprende a se render...

Não aprende

Desaprende!

O FIM DO FIM

O fim deve ser útil
Se não for útil o fim é inútil

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

> > > O LIVRO DO DESTINO


O LIVRO DO DESTINO

O ballet dos miseráveis

Por hora chega de cirandas
Abstrações do café à mesa do jantar
À hora de dormir à hora de sonhar
Os lençóis estão limpos no varal
E o vento que sopra já nos basta para ser feliz
Quando não há mais para onde ir
Quando há minas no quintal
Dançamos o ballet dos miseráveis
Repugnamos o sangue dos inocentes
Somos pessoas decentes
Tentando levar uma vida normal
Somos a folga da engrenagem
Que pensamos que não nos espreme
A dor dos outros que é a dor do mundo
Trabalhamos para termos o melhor feriado
E levarmos as crianças para passear no quintal dos outros
Com nosso andar alegre e penoso
De quem guarda a terrível notícia
Para a terrível idade
Lampejos de felicidade
Refúgios do coração
A vida deveria mesmo ser uma contínua celebração
Então que a celebremos em paz
Que durmamos em paz
Que descansemos em paz
Amém!

Crítica do previsto

Aqui ninguém conversa direito sobre quase nada
E estranho é o modo como quando conversam
Ninguém se preocupa tanto quanto devia
E quando o fazem é por meros prazeres individuais
Mundanos ou egoístas
Não atentam para o espírito
Acham perda de tempo perder tempo com isso
E com isso perdem mais do que o previsto
Uma vez ou outra aflora o espírito da graça
Não da graça graciosa
Mas da graça engraçada que não alcança nada
E que passa a vida inteira achando graça do nada no nada
Tudo o que eles são
Dificilmente sorriem mas gargalham com qualquer coisa
E aquele que à toa ri é porque ignora a terrível notícia *
Eles não lêem poesia!
Aqui ninguém lê ou discute coisa alguma
O máximo se agarram a uma responsabilidade
De criar filhos e mulheres à beira da exaustão
Trabalhos ingratos, salários injustos, cerveja e distração
E muita raça para sobreviver com alguma dignidade
Porém dificilmente evoluem
Eles trabalham mas não avançam
Brincam e se distraem
Dormem e se esquecem
Crescem e envelhecem
Pouco ama e muito se destrói
E seguem firmes o caminho
Quase sempre sem saber o que a vida quis dizer...

O passarinho

Eu sei, meu passarinho
A culpa não é nossa
Mas como vou lhe dizer?
Eu sei que a minha raça é sub humana
E para você não há como saber
Do amor que eu lhe tenho nas mãos
Mas como crer em mãos
Que sempre foram para aprisionar
Eu sei, meu passarinho e não precisa se assustar
Se você caiu do ninho
E ainda não sabe voar
Mas para ti ainda há uma chance
(...Ah, se eu pudesse lhe ajudar!)
Mas você pula, pula, se agita, corre, se esconde
Então, meu passarinho
Fique com Deus mas cuidado com o gato
Que este não saberá raciocinar!

Daqui do mundo

Estamos tão mortos quanto os que já morreram!
Não há nada interessante lá fora
Agora aqui dentro
O mesmo eu preso de sempre
Tentando sobreviver com amarras entre os dentes
Dono dos sonhos mais lindos já sonhados
“Sujos” de tanto que se ajeitam
Fascinados com o amor que a tanto me rejeita
Ou se esconde bem longe e logo ali
Entre os amigos vejo flores mortas num jardim
Que se confunde com o paraíso perdido de todos nós
Uma vida inconseqüente foi tudo o que tivemos
E o que criamos, meu amigo, foram nuvens de algodão
Um alegre arco-íris sobre uma plantação cheia de corvos amigos e famintos
Talvez tenhamos sido mesmo o nosso próprio inimigo
Se rimos o tempo todo para o objetivo não alcançado
Que também inventamos
Talvez nem mesmo existimos
E insistimos em acreditar porque mamãe falou
Se papai nos concedeu toda a força do mundo
Num minuto doravante inacreditável
Sim, meu amigo, eis a sala do nosso velório
Estamos todos mortos e ainda brindamos ao futuro
Acredite meu amigo
Não há mais nada de interessante lá fora...

Crítica do milagre

Que destino carrega este homem
Qual passado o trouxe até aqui
Quais foram as desgraças de sua vida
E as felicidades?
É bom nem perguntar !

Ó miseráveis de todo o mundo

Levantai-vos

Reagi, ressuscitai!

Libertai-vos de todo o mal
Que a condição humana vos pregou

Antes que o verme
Que em ti se transformou
Encontre o seu abrigo eterno

Um dia qualquer depois do ano 2000

O sábado é cinzento
Num dia qualquer depois do ano 2000...

Os homens velhos comungam sozinhos
E em silêncio na mesa do bar
É o que noto quando eles nem me notam passar
Percebo em seus olhos cansados
Seus planos minados, discursos falidos
A vida quase indo embora
Não há vestígios de sonho algum sobre os seus ombros
E a cerveja parece descer amarga
Pela garganta adentro, seca e muda
De um deles
Enquanto outros regozijam-se alheios
Ao passado e ao futuro
Percebo também entre todos
Uma sensação quase inconsciente
De dever cumprido no ar

Mas não consigo ver satisfação alguma...

Passeio público

Saiu de casa para ir na praça
E nunca mais voltou
Disse que ia e voltaria
Mas nunca mais voltou

Será que foi seqüestro?
Será que o camburão?
Será que foi um inferno?
Ninguém sabe ao certo a razão.

Sua família agora vive
Em programas de televisão
Seus amigos esqueceram o crime
E agora se divertem com o futebol

Saiu de casa para ir na praça
E nunca mais voltou.

O homem morto

Eu vi um homem morto
Sentado à beira do asfalto
Encostado numa parede suja
Nos fundos de uma solidão imensa e amarga
Enquanto no outro lado
Um cortejo fúnebre se aproximava
Com uma tristeza menor que a sua.

Eu vi um homem morto
Beirando a idade do ódio
Olhando para o lado
Solitário
Como se visse sua própria morte
Um homem sujo, esquálido, quase um excremento
Um tormento
Eu vi o seu choro, eu vi o seu olho
Senti o seu lamento... secreto
Secretamente...soube de sua morte naquele momento
No momento em que o vi
O homem morto
Que respirava sem vontade
Sem nenhuma vontade!
Dentro dum silêncio pavoroso
Despretensioso, ingênuo
De quem não liga para o que é
Sorrir para mim...

Fracasso retumbante

I

Vocês viram os capangas em imagens claras
Marcas de um histórico fracasso retumbante
Quando o povo da cidade num medo súbito
Clamou aos céus a paz de um outro instante

Se o amor fosse de verdade
Não teríamos medo de encarar a própria morte
E no meu peito uma vontade
De entregar os governantes aos traficantes!

Televisão ligada, nação alienada!
Salva, salve!

Brasil, um sonho intenso, mas que lindo!Mais um pilantra cresce no congresso
Com o seu escuso, véu, medonho e triste
A moeda em cruzeiro retrocede (?)

Instigante é o ouro sobre a mesa!
É certo: O forte fica até com o osso!
E me desculpe por toda essa franqueza

Terra adorada!
Quem foi que viu
Quem extorqui a lei sagrada?!

Dos ideais que este solo construiu
Não sobrou quase nada, Brasil!


II

Errando quase sempre com o seu público
Do bem bom ao quero mais... pensando bem, eu quero tudo!
Torturas, ó Brasil maior da América
E humilhado somos de novo à fundo

Do que adianta ser a terra mais querida
Se teus queridos filhos sempre te roubam de novo!
Nosso rock tem mais vida!
Nossa música reflete nossas dores

Televisão ligada, nação alienada. Salve, salve!

Já vi o amor paterno ser um símbolo
Mas é a mãe que sempre está ao nosso lado
E diga a verdade mesmo desta fama
Pais do futuro são os filhos do passado

E se contas com a polícia a coisa explode
Verás quantos são filhos da puta
Não temem e adoram a nossa morte

Barra pesada!

Entre outras mil, és tu Brasil
Pátria enganada
Dos filhos deste sol que és tu Brasil
Nosso futuro faliu!

Do coração, o limiar da esperança

Eu percebo impaciência na minha voz
Quando não estou impaciente!
Eu reparo estranheza em meus olhos
Quando não há preocupações para tanto
Eu noto que envelheço nas idéias
Que antes me traziam vivo
O limiar da esperança!
Sinto que aos poucos algum tipo menor de loucura
Já me espreita quase sem ambição, mas decidida!
A minha própria respiração parece pesada
E eu não tenho essa idade
Meu calcanhar se cansa por nada
Meus joelhos ardem por nada
Meu olhar agora se dissipa com alguma facilidade
Quase não há mais horizonte...

Mas ainda assim
ainda me sinto o mais forte dos homens!

Açoite

Havia um sorriso
Debaixo da noite
Dentro do frio
Por entre o açoite
Existia um alívio
Onde deveria haver cansaço

Depois descobri
Não era sorriso
Não era alívio
Não era descanso

Depois descobri
Era fracasso!

* * * O LIVRO DOS DIAS * * *


O LIVRO DOS DIAS

O poema de Drummond

Ainda lembro bem do quintal de minha vó
Do cercadinho cheio de galinhas e pintinhos ao redor
E eu correndo atrás maravilhado sem igual
Minha tia com cuidados de mãe não se descuidava um só minuto de mim
Meu avô com seu cachimbo não deixava eu chegar perto
Cuidava de mim também na sua cadeira de balanço
O outro avô, por parte de pai, urgia com o gado que dizia que era meu
Quero não vô, como vou levá-los para casa?! Indagava inocente
Lembro do chão de sapê, de terra onde tinha rinha de galo
Da água correndo num córrego ao lado e a gente escovava os dentes na bica improvisada com água de procedência duvidosa
A privada era um buraco no chão
O telhado era de barro e o barraco de madeira
Mas o cheirinho de terra molhada quando chovia, humm! lembro até hoje
E a janta era macaxeira com manteiga e café
E o café era ovo frito com cará e café feito na hora e no pilão
Lembro com nostalgia essa parte da minha infância
Me balançando nas tranças das árvores e nos seus galhos que eu quebrava sem querer
Oh, meu Deus como eu lembro e como lembro
O poema de Drummond
que lembra bem de Robinson Crusué
Que diz que é mais feliz que ele é
É poeta...
Eu também sou Drummond, eu também Era...

Sândalo

O céu que antes estava limpo
Agora me molha com seus pingos
Chuva que eu não esperava

Olhos chorando me comovem
É triste, mas eu gosto!

Pomar

Há quanto tempo
Não vemos mais uma joaninha
Uma esperança
Aqueles grilos verdes e enormes
Difícil ver agora, por exemplo,
Uma borboleta
Nem cigarra se ouve mais
Nesses novos verões que já não são mais os mesmos
Vocês se lembram das tanajuras?!
Formigas de bundas grandes
Lagartixas, muito mais distantes.

Eu não vejo mais a lagarta
Eu não acho mais um casulo
E já são poucos os passarinhos

Foi-se o tempo em que os meninos
Sujavam-se em campos, subiam em árvores,
Colecionavam insetos
Aprendiam sobre a vida...

Na cidade

Penso na música de Chico e me inspiro
Enquanto indiferentes pensam que caminho pelas ruas da cidade
Passo pelo Paço em direção ao CCBB
Onipotente templo da cultura urbana
Mas até lá chegar
Passo também por engravatados (aparentemente bonitos)
Com seus gestos másculos-sexy-capitalistas
Cheirosos e bem vestidos capitalistas que passam
E depois deles
Infinitas donzelas, mazelas, “cachorras”, mulheres
De respeito... (mas que peitos!)
Enquanto isso
Passam-se os homens, os ônibus, a vida...
Uma pobre anciã que mal cheira em pleno centro da cidade
Indiferente ao perfume que uso sem pretensão
Desfila a sua pobreza em pleno centro da cidade
Observo a arrumação que ela calmamente faz
Na calçada onde se hospeda
Tem os pés nas pedras e uma ferida suja na mão
Parece cansada, a coitada, mas nada a detém !
E eu não suporto o cheiro que o ambiente exala.
Há com ela um mimo
Um gatinho malhado e magro
Com o olhar estranhamente sábio e sofrido
Há também flores semi-mortas num buquet
E talvez um anjo que ninguém vê !
Há um ramo de arruda também
Deve ser para tirar o mau olhado, diria minha mãe
Mau olhado de que, mãe?! Mau olhado do quê?! (...)




Mais um casal de namorados no ponto de ônibus
Da primeiro de Março
Que se amassam e se beijam
De repente um disparo!

Não vejo mais nada...

Sacrifício

O inferno da tua própria criação
É uma criação do teu próprio inferno
Sê um mendigo não um medíocre
Conta as tuas bençãos
Proclama tua raridade
Dá mais um passo
Contra a tua vaidade
Procura tuas virtudes
Tenha atitude
Sê!

Chinelas

Não quis a pressa desse dia
Nem o dia eu quisera mais
Me soltei das amarras invisíveis das horas
Do minuto que condena todo o atraso
Sufoquei dilemas respirei poemas
Eu me libertei
Respirei livre como a muito não fazia
Dei de ombros aos compromissos
Que confina o coração e a mente
Faz assim com a gente, não. Faz mais não!
Quis chegar atrasado
Pensar-me pássaro nem que por um momento
Ser poema e pensamento ser o que sonhei
Soltei antes, caminhei sem precisar (e como precisava)
E aqui estou preso novamente
Mas tão liberto que nem ligo
Eles não me alcançam mais...

Poema sobre um Caju

Ah, essa gente fantástica...
Que em silêncio passa e que acorda tão cedo
E se levanta até mesmo antes do sol
Que os irradiam na mágica do seu dia a dia
E que os fazem brilhar
Para uma vida muitas vezes árdua
Outras vezes sábia, muitas vezes vazia
Essa fantástica mágica de todos os dias
Que em segredo os ensinam como é belo o viver!
A existência que se propaga
Nos músculos másculos e exaustos do pescador
À aprendizagem que se busca no curso primário do menor
Nas rugas dessa gente que rejuvenesce a vida
Na vida dessas rugas que identifica o senhor
E suas batalhas e suas estórias
Encantadoras estórias que não acabam mais
Seus artistas, suas crenças, seus heróis
Todos anônimos, todos sem um futuro melhor
‘‘Mas para que futuro doutor?”
Somos a vida presente
Com todas as suas cores
Com todas as suas flores, suas dores, suas vitórias doridas
A vida latente doutor!
Que ora rir, ora se desespera
A vida que não espera
Essa gente que fracassa, não fracassa!
Se agiganta e se alegra
Essa gente que não prospera e não sai do canto
É um espanto! É um encanto! É comovente!
Essa gente tão pacata e tão valente
Faz brotar orgulho no seio, no olho da gente
Queria saber falar!
Domingo é dia de feira, segunda é dia de batente
Todos os dias são dias de viver
No Caju de D. João, no Caju do Sr. João, No Caju de São João
Tem o dia de São Pedro e procissão
A casa São Luiz para velhice e a meninice dos que nunca serão
No Caju do seu José, D. Maria, Beatrizes e Eunices
Da feira, da pesca, da padaria, Do português, do paraíba
Todos tão cariocas!
Das crianças que vão bem cedo para a escola
Das ambições e das alegrias
Das lamentações em momentos fúnebres
Caju, o teu sobrenome é um cartão postal
O cemitério mais famoso do Rio de Janeiro
Mas passando dele, a vida é um brinquedo em amizades
Você já viu os barcos, as embarcações, o cais, os guindastes
O crepúsculo na última hora da tarde?!
Mas então vêem as carretas com sua fumaça, uma tormenta!
E a nossa paciência...
Você se lembra? Você se lembra?!
São Pedro de barco tinha procissão
Barracas na rua, uma diversão!
Hoje temos a fábrica de sonhos para menores carentes
Do São Sebastião e pouca gente sabe
O museu da Comlurb, o Rock e o pagode
Nos botequins, bares, a praça com ares de baixo
Na hora das horas mais tardes
A cerveja, o vício, o trago
O futebol, os compromissos, os comentários
Ah, essa gente que não se cansa
São quatro horas da madrugada
E meu pai já está de pé para ir trabalhar...

Descoberta

E logo vem junto com quase toda manhã
A vontade de sentir a brisa ou o sol que arde
Tenho vontade de ver as notícias
Rever amigos
Na primeira hora do dia
Atravessando a rua
Por entre automóveis e carretas barulhentas
Lá me vou !
O jogo de cartas entre senhores aposentados
Nos remetem a alguma paz
Vão por entre o dia inteiro até a tardezinha
A mesma turma, a mesma amizade
Pombos transitam na praça descuidada pela prefeitura
A cadela fora do cio me olha taciturna e triste
Os cachorros ao redor no cio não querem nem saber do frio
Nem muito menos de mim
Concomitantes se atropelam por sua vez
E mesmo se fosse dia de sol
Eu sei, o amor seria o mesmo!
Crianças brincam no parque
Uma garça que sempre visita a feira de peixes
Chama a atenção dos que passam
Para o trabalho, para a padaria, para a próxima hora
Os taxistas já feito uma família, conversam e se agitam
De quem é a vez?!
O policial trabalha no trânsito
Garotos lavam carros por algum trocado
E no som do rádio
A ‘Legião’ canta ‘O mundo anda tão complicado’...

Diferents boys

Meninos diferentes atravessam a noite
E eu os espiono lento de soslaio
Parecem tão felizes!
E como são felizes os danados
Ou será que não?!
E os otários como é que dizem?
São viados querendo ser livres
Escravos da própria criação
Meninos diferentes
Não estão na nossa imaginação
Eles tem o seu próprio mundo
Diferentes de tudo, eles são o que são!
Têm coragem para ser
Medo nenhum de adormecer
Pecam e pagam pelo o que são
Meninos diferentes têm sonhos de boneca
Têm muitos sonhos e nenhuma pressa
De um dia ser o que não são
Eles passam pela praça
Sorrindo são homens que se amam e se abraçam
Sem nenhuma objeção

Do que se vive

Há dias em que se tem um livro inteiro
De tanto que se vive

Há mês que não se tem uma linha!

O LIVRO DOS ANJOS




O LIVRO DOS ANJOS

Dever de casa

Cadê meu pai?
Onde está meu filho?
O que você está fazendo agora?
Você deveria estar dormindo!

Pai, eu posso fazer isso?
Mãe, eu quero fazer aquilo!
Me arruma um trocado para eu ir ao baile
Se chegar tarde, fica de castigo!

Você já fez o dever de casa?
Pai, hoje é Domingo!
Querida, deixe o garoto em paz!
Querido, não implique com o menino!

Eu só faço por seu bem
Você é o meu filho querido!
Cuidado para não esquecer as chaves
Lá fora faz muito frio!

Eu já sei me cuidar
Eu já sei fazer isso
Mas obrigado por cuidar de mim
Agora deixa que eu me viro!

" O planeta X " - Bernardo - 10 anos

Ele é habitado por alienígenas
Que sobrevivem pelo ar de nitrogênio
O sol esquenta a água do mar
Para que eles sobrevivam
Eles são amarelos e azuis
E têm muita inteligência
Lá existe escolas também
Só é diferente das escolas daqui
E a linguagem deles é outra
É estrangeira e muito enrolada
Lá tem muitas riquezas
Como ouro, diamante, pérola e etc...
E vocês sabem como eles fazem xixi?
Pelo dedo!
Deve ser tão engraçado, já pensou?!
Lá não existe televisão, só rádio
E lá também tem aeroporto
Só que é para disco voador!

"A menina e a lua" - Mariana Queiroz - 7 anos

A mãe varrendo a casa
A filha sai do quarto com a mochila
A mãe diz:
Filha, a sua escola é à tarde
Mas eu estou indo à lua, mãe!
Como você vai a lua?!
Indo!
Meu sonho é conhecer a lua!
A rádio informa: temos 10 viagens para sortear
A primeira e para ir à lua!
Basta se inscrever
Mãe, eu tenho de ir
Vamos logo me inscrever
Agora eu não posso, estou ocupada
Está na hora de ir para a escola
Então ela foi para a escola
A amiga chama ela para brincar
Ela diz não
Acho que ela está aborrecida
Ao chegar em casa
Mãe, nós podemos ir agora me inscrever?
Não!
Ela foi dormir
Sonha com os anjos, filha
No outro dia
Mãe, nós podemos nos inscrever agora?!
Tá bom, vamos logo lá
Bom dia, é aqui que faz a inscrição?
Sim, é só assinar aqui
Chegando em casa
Filha, pega a mochila e vai para escola
Eu consegui! Eu consegui!
Conseguiu o quê?
Ir a lua!
Filha chega em casa
Filha vai começar o sorteio
O rádio anuncia: pessoa sorteada para ir a lua
E a pessoa é a prima também
Elas pulam de alegria
A prima está no foguete
Ela chega e senta no foguete
Estamos indo para a lua!!!

"No ar" - Mariana Queiroz - 7 anos

Vive tantas coisas
Avião, balão, pássaro, borboleta e etc...
Uma folha você joga no ar
O ar é um velho amigo!
Eu queria ir no ar
Voar, voar, ir até ao céu!
Pegar um pouquinho de nuvem
E uma estrela
Como é bom ir lá no ar!

"A minha mãe" - Mariana Monteiro - 11 anos

A minha mãe é morena
Tem olhos negros
Cabelos ondulados
E a cor é loura
Ela é baixa
De rosto redondo
Nariz pequeno
E bastante amiga
Compreensiva
ZANGADA!
Alegre
Triste às vezes
Mas na maioria
Ela é alegre!

"Eu olho" - Mariana Queiroz - 7 anos

Eu olho para o lado
E vejo um carro andar
Eu olho para cima
E vejo um avião voar
Eu olho para o mar
E vejo um barco navegar
Eu olho para o lado
E vejo um cão andar
Eu olho para cima
E vejo uma borboleta voar
Eu olho para o mar
E vejo um peixe nadar
Eu olho para tudo !

"As minhas férias" - Bernardo - 10 anos

O que eu pretendo fazer nas minhas férias !
Eu pretendo viajar
para onde eu não sei
Eu queria viajar
Mas se eu não viajar
Pretendo ficar em casa, brincando
Jogando vídeo game, ir para festa, ir ao cinema, assistir vários filmes, ir à praia às 7 hs e só voltar às 5!
Eu quero fazer bastante coisas
Porque ficar em casa parado nas férias é muito ruim
E sem contar o meu futebol
Que eu jogo aos sábados na ‘Rua Bela’
As vezes aos domingos no mesmo lugar
Eu vou fazer natação em uma piscina olímpica
No Arsenal de guerra do Rio de Janeiro
Dizem que é muito bom!
Eu acho que essas férias vão ser muito boas
Vou comprar minhas chuteiras !

Eu amo as férias!


FIM

Reminiscências

Vamos soltar pipa, rodar peão
Pular carniça, sentar no chão
Vamos ler quadrinhos, pular corda
Amarelinha
Andar de patinete na contra mão

Vamos jogar gola de gude
Ou ver o trem passar na estação
Correr até ao porto para ver a embarcação
Ir à festa bonitinho, azarar alguns brotinhos
E fazer comparação
Vamos jogar bola, apostar corrida, brincar de polícia
Quem é o ladrão?
Bola ou bulica, cara ou coroa, bicicleta, garrafão...

Pêra, uva, maçã!
Quanta imaginação para ganhar um beijo
Da menina que lhe tocava o coração

Pique bandeira, era tudo brincadeira
Que dava uma canção
Brincadeira de criança num mundo de lembranças
Que se tinha então

Hoje nos resta pouca emoção
Vídeo-game, vídeo teste, vídeo solidão
Vídeo isso, vide bula
E um monte de contra indicação.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

> > > O LIVRO DOS HOMENS < < <


O LIVRO DOS HOMENS

Do homem

Do homem
Da perda total da esperança
Do homem
O ato vil do desperdício
De matar o tempo
Até matar crianças

Do homem
O que não mais se alcança
O que dele se espera
O que nele só se cansa

O semelhante

Por que tens os pés tão sujos
E tuas roupas, que pavor!
Seus dentes encardidos e cabelos imundos
Tão duros de tão sujos
Mais parecem uma ruma de ratos
Que vivem jogados na latrina do mundo
Largado na imundície das calçadas infectadas de indesejáveis solidões
Por que rastejas feito um verme
E habitas a inenarrável escrotidão do mundo
E se dispõe à cata de restos de comida nas lixeiras entupidas de podridão
Sem um ístmo de reação
(será que ainda lhe resta alguma dignidade)

Porque ainda sois meu semelhante
Lhe trago ainda com alguma piedade nos olhos
E na alma
Alguma angústia indefinida perdida sem solução
Para logo adiante descartar-te em silêncio inescrupuloso
Em minha mente
Covarde e tranqüila e solitária mente in-feliz
Simplesmente isso...
Um pouco do amargo sabor de lembrar do humano que sou
Por poder alguma piedade ou misericórdia ainda sentir
Pelo meu disperso semelhante distante caído bem perto de mim...

Homens de bem

Homens de bem comungam num domingo
Amigos desde sempre se entreolham
Contentes com o que se têm
E quase nada se têm de tanto que há
Entre os homens de bem
Sorrisos largos, sinceros, sem igual
Aquela felicidade é um carnaval
Homens de bem sabem o que têm
O que são
Quanto vale um aperto de mão
Quanto vale uma amizade
Tanto o quanto a liberdade
Que arde sob o sol de uma dignidade
Ímpar de verdade
Sobre a qual eles se debruçam por toda a tarde
Se embriagando da fidelidade
Que a mocidade sem idade preservou da iniqüidade do mundo
Esse mundo caduco que eles festejam como quem não se importassem com nada
Mas como se importam de verdade
Porque eles sabem que o peso que o mundo tem
É o mesmo peso que o mundo neste dado momento lhes retém
E como ninguém
Eles sabem o que celebram
Como ninguém
Eles sabem o que significa esta festa
O quanto lhes custam toda essa magia e alegria
O quanto um ao outro os inspiram
Homens de bem sabem o que têm
Homens de bem valem por cem
E se cem valem por mil
E se mil, um milhão
Homens de bem valem uma canção
Homens de bem valem a nação !

Querido Queiroz

Permita-me Sr. Queiroz
Dizer-lhe como sois
Sempre metido em sua solidão de pedra
Duro como tal
Firme feito um farol
Que tudo vê e guarda para si
Que ensina com a força de um deus
Que caminha feito um destino
Traçando suas linhas pela vida afora
Que um dia eu vi em suas mãos
Que sempre nos mostra
Como é forte e preciso ser
Viver é o que para você?
O Sr. Que nunca nos faltou
Que nos deu ensino, teto e comida
Que de perto ou de longe
É a pessoa mais destemida
Que acredita na vida
Que não tem sonhos
Mas quantos sonhos já realizou !
Sr. Queiroz
O senhor é parte integrante de todos nós!

Permita-me Sr. meu Deus então dizer
Que esse Seu Queiroz é meu pai
Que também é um Deus
O Senhor deve entender!

Código

Como se fosse cair se tentasse se equilibrar
Como se tentasse partir se tentasse ficar
Como se pudesse ser preso se tentasse fazer o bem
Como se pudesse ser morto se tentasse ajudar alguém

Como se não fosse ninguém
Como se não soubesse de nada
Como se todos fossem ausentes
Como se tudo fosse uma ilusão
E nada existisse
Como se renascesse e parecesse que desistisse
Como se fosse um sim mas fosse um não

Como se não existisse a fé
Sendo a fé tudo o que tivesse
Como se tudo alegrasse
Sendo tudo o que entristece

Fétido

Fétido, decrépito, maníaco, sujo
Horrendo, áspero, indescritível, puto, estúpido, imundo
Lixo, podre, asqueroso, feio, animalesco, indigesto, d’outro mundo

Aquele homem era isso
Aquele lixo era um homem
Aquele homem era isso
Aquele homem era quase isso
Aquele lixo!

Indissociável, indiscreto, um boneco, objeto
Incerto, quase nu, um dejeto, inquieto, grosso, um túmulo!

Funeral e carnaval, desconexo total, olho bom e olho mau
Esgoto, porco, tosco, mofo, um fim de mundo!

Introspecto, caótico, quase morto, torto, ridículo de tão vívido, zumbi
Vivo de tão teimoso, gordo, gordo, por que não osso?!
Vivo, vivo, por que não morto, um fim.

Aquele homem era isso
Aquele lixo era um homem
Aquele homem era isso
Ou quase isso...Aquele lixo !

A valsa

Com a vaidade dos mais nobres
Uma vez eu vi um mendigo se ajeitando
Ensacando a blusa toda encardida
Para dentro da calça imunda
Como se preparasse para sair
( mas ele já estava fora! )

Com a vaidade dos mais nobres
Uma vez passei por um bando deles
E não pude deixar de notá-los em tamanha euforia
Comemorando em parceria
O seu momento mais funesto

Não havia mais que uma garrafa de pinga ( e pela metade! )
E nenhum copo à vista
Nenhum tira-gosto ou comida de qualquer espécie

E me pareciam mais felizes que eu
Mais felizes que a primavera
Mais felizes que o verão !

Ah, quem me dera uma vez
Não ter mais razão para ser triste...

A cidade dos homens tristes

Desta vez
Tal qual bicho acuado
Via-se à sombra
Próximo ao lixo
O corpo
Despindo-se
Sem nenhuma vaidade
Na cidade dos homens tristes
Onde estranhamente todos sorriam
E fingiam que não viam
Que não sabiam
Que não se importavam...

Sua pele suja, encardida, quase imunda
Deixava à mostra, a bunda!
Que de costas exibia
Toda e nenhuma liberdade.

O homem e a grade
O assombro do invisível
O homem que arde
Quase imperceptível...

Ei, patrão!

Ei, patrão
Existe vida depois do trabalho, pois não!
A liberdade esconde-se por detrás dos minutos
Que o senhor tanto valoriza e escraviza-se
Quanto ar para respirar e o senhor sufoca
Sempre querendo mais mas jamais esperando
Olha como a vida vai passando ( na verdade passeando )
Pois quem vai passando somos nós
Que não pensamos e pensamos que pensamos
Acorda, patrão!
Sois homem como o peão
Mas mais feliz não sei não
Sois mais rico e ilusoriamente mais “bonito”
Mas bonito não é estar mais bem vestido
O rei estava nu e rindo de si
A felicidade é um momento oco de tudo que nos torna tosco
E a alegria pode ser mais simples do que um aperto de mão
Do que um bolso cheio de dinheiro
Do que um dia inteiro de trabalho
A vida é bela! Esquece-se disso quando esquece-se dela
Esquece-se dela quando não estar-se mais vivo
Viver macio! Viver macio!
Porque tudo pode estar por um fio
Porque o fio pode ser o da navalha
Porque ser feliz pode custar quase nada
Já o nada pode nos custar a solidão
De que não nos damos conta
E a conta outra preocupação
Que não vale o coração
Relaxa patrão!

Muito menos mais

Cada vez mais frio
Cada vez mais sozinho
Cada vez mais distante
Cada vez mais... angustiante

Cada vez mais longe
Muito mais longínquo
Cada vez mais fraco
Muito mais raquítico

Cada vez mais triste
Muito mais na moda
Cada vez mais rico
Muito mais...menos se importa!

O homem pedra

Não sente fome
Não sente frio
Nem amor o homem sente
O homem pedra
Ainda vai esmagar você !

A verdade é uma loucura

É fácil colocar os outros

Em seu devido lugar

Difícil é

Colocarmo-nos!

A verdade é uma loucura...

* * * O LIVRO DOS POEMAS MORTOS * * *


O LIVRO DOS POEMAS MORTOS

Adeuses

E lá se vão os vivos
Enterrarem seus mortos
Numa procissão de passos
Amargos, tristes, lentos e solitários
Condescendente realidade
Que por hora parece que chora
Mas que não tem nenhuma piedade
Lá se vão os mortos
Com seus vivos à tiracolo
Dizerem os seus últimos adeuses
Lá se vão os que por nós esperarão
Ou não

Sepulcro

Uma trégua

Dentro de instantes

Nunca mais!

Dentro do homem

A vida some

Fora do homem

A vida vai !

Anjo de mim

Minha tia que eu adorava
Não pude vê-la
Não pude confortá-la
E agora que sois só alma
Que haverás de ter mais calma
Mais amor ainda haverá de nos unir
Ó minha tia querida
Agora sois um anjo para mim

Velório

Não ousei entrar ali
A tristeza era enorme
Incomensurável

Era terrível, taciturna, impiedosa, má!

Ela não olhou para mim
Eu não olhei para ela

Mas tive medo
Eu tive muito medo
Não ousei passar nem perto.

Estanco

p/ Chiquilho In Memorian



A vida é um estanco!
No meio de tudo
No meio da festa
(no melhor da festa!)
No meio do dia, no meio da noite
A vida estanca no meio do carnaval!
A vida estanca
No meio dos vinte anos!
No meio do riso
No meio do nada
A vida estanca
No meio da vida
No meio da gente...

A alma do sol nascente

A ALMA DO SOL NASCENTE




Lá no sol onde a alma nasce
Dentro do sol onde a alma cresce
Dentro do homem onde o sol se esconde
No homem que a alma transcende
A calma da alma do homem
Na alma que o homem enternece

A alma é o homem que jamais desaparece!



PARA O MESTRE LOURENZO
( em memória )

Dez anos

“ Não me diga isso, não me dê atenção...
Mas obrigado por pensar em mim!”

Aí...eu perdi o sono
Não podia perder a calma
O sol já se levantava
Mas meu corpo ainda latejava
E entre o estado latente do despertar angustiado
E o outro lado da angústia de uma noite em pesadelo
Tudo virou tormento
O lamento virou canção
E uma canção sempre traz o doce de um momento em profusão
Hoje faz dez anos que você partiu
(...)

“hoje a tristeza não é passageira...”





PARA RENATO RUSSO

O canto de Deus

P/ CAZUZA


Então lá se foi o menino a cantar
E a espantar a mágoa
Da loucura nos outros
Seguir sem espanto seus instintos
Para no íntimo buscar o seu descanso

Provocar destinos
E pichar os muros
Cheio de desejos e alucinação
Cuspir o beijo, dissimular escárnio
Ouvir um cantor de blues noutra encarnação

Mostra a tua cara !
Você não é cobaia
Mostra a tua cara
Você não é cobaia, não !

Viver só não está com nada
Solidão que nada, mãe
A solidão é que mata !

...E o nosso amor a gente inventa !

Deus está chamando...
Mamãe !
Deus está cantando
Você não consegue ouvir ?!

Bicicleta

P/ Glaurio dos Santos


Olhe lá
O poeta sorrindo
Olhem lá
O poeta partindo
Olhem lá
O poeta se espatifando contra o muro
Contra o chão, contra o mundo, contra tudo
Contra o duro que é a ilusão
Olhem lá
O poeta subindo a ladeira
Como se fosse nas nuvens tocar
Com sua bicicleta numa brincadeira de repente nos deixar
Olhem lá! Olhem lá!
O poeta virar estrela
Num piscar de olhos virar cometa
E no outro saudade virar

O poeta de tanto tentar
Virou poesia!

Jorge 'divino' carpinteiro

JORGE ‘DIVINO’ CARPINTEIRO




Coitado do Jorge
Pobre do Jorge
Coitado de mim, de nós, de todo mundo
Mas meu Deus, que mundo cruel!
Jorge era de andar morno e maroto
Dos olhos foscos mas corretos
E disciplina sem igual
Jorge era moço da pele bem preta e saudável
Parecia um M’Ouro
Tinha o sorriso aberto, claro, modesto e honesto
Tinha a paciência do anjo que lhe faltou
Era dado aos estudos e aos amigos da hora
Com uma educação de um príncipe
Sim, Jorge era um príncipe
Disfarçado de gente como nós
Um divino carpinteiro de peças magistrais
De sabedoria intinerante
De calor humano instigante
Jorge era um gigante
Incapaz de parecer assim – a sua humildade.
Jorge era da raça pobre, da negra raça forte
Jorge era um nobre
Agora um Anjo!

Sândralo

A vida vai distante
Como numa estrada um bálsamo bem longe
Ou como num barco à deriva que leva os sonhos `a deriva
Para onde eu não sei (ninguém sabe, sabe?!)
A vida corre ao longo dos sonhos mais incríveis
Em invisíveis destilados de destinos incontroláveis de emoção
Como o momento mais improvável onde tudo começa ou acaba
Milhas além do que somos e vamos atrás voando dentro do sonho sem fim
Se encontrar se perder sem encontrar sem jamais perder
A vida nos leva na marola das improváveis alusões
De repente o fim era só o começo...
Não mais que de repente o começo era o fim!
(...)
Vejo flores num bouquet num horizonte sem você
E você jurava que não queria partir
Você dançarina, anjo, borboleta, linda e fugaz
Já vai feito a fumaça do jazz, jaz...

(Já vais?! não vais...)

Ulisses

Ele gostava tanto de viver
E agora morre sem saber
Que gostava tanto de viver
Que gostava tanto de saber
Que se ria tanto sem notar
E sabia tanto de viver
Que acabou morrendo sem saber
Não é possível que ele saiba
E se sabe
Não é possível que aceite
Mas quem sabe seja eu quem não saiba
Que ele já estava de saco cheio
Dessa falta de sacanagem
E resolveu fazer essa sacanagem com a gente
Pois eu bem sei que tu se amarra
Numa sacanagem!
Mas porra, Ulisses
Assim já foi demais!

Em volta à rosas e espinhos ( a vida continua...)

A vida vai continuar!
Porque as dores vem e vão
(mesmo sem razão)
Feito as infindáveis ondas do mar
Feito uma canção efêmera e inesquecível
Com todos os pecados que cometemos e transmitimos
A vida vai continuar...
Asfixiada, turva, maravilhosa, em volta a rosas e espinhos
Com todo ardor da rosa mais vermelha
Com o amor perdido, com o amor sonhado
Com a política e as injustiças
Com quem está ao nosso lado
A vida vai continuar
Com todas as idades e com todas as saudades
Os filhos vão crescer, os sonhos vão enfraquecer
E de volta despontar num horizonte mais lindo
Flores vão murchar, morrer e renascer
E a vida continuar...
Eu tenho saudades dos sonhos que eu tinha
Sinto saudades dos romances que vivia
Por onde anda este amor?!
(...)
Olha o amor aonde está!

tia Dora

Quem agora se igualará
À feitura dos quitutes da fidalga senhora
Tia Dora, de todos nós, quem agora nos guardará?!
Tia Dora quem não adora, quem não adora!?
As horas que a senhora cismava em nos dar
E a alegria daqueles dias
Em qual dos dias se encontrará
Tia Dora, Tia de todos nós
Por que fostes embora logo agora que o copo transbordou
Quem vai limpar essa tristeza agora
Que a vida derramou
O que fazer desse silêncio que a sua ausência nos mandou
Transbordou o sabor das guloseimas
Transbordou o cheiro do café fresquinho feito um poema
Das coisas gostosas das tardes de chuva e de sol
Das horas do futebol e da novela com que a gente brincava da janela
E de tudo que a senhora fazia para nós
Transbordou todas essas coisas de uma só vez
Feito hemorragia transbordou toda a vida que em um só dia coagulou
Quase uma estupidez!

o corpo e a alma

O corpo esfacela-se com a velhice
E expele a alma
Como num último sentido
Por isso a alma é contínua
Por isso a alma sai
Porque a alma não envelhece jamais
Mas evolui
O corpo é a veste da alma
Na essência alma é o que somos
E se assim o é
Imortal assim o somos!

éramos nós

Quem eram aqueles que tinham todas as chances
Quem eram aqueles que podiam vencer
E que pensavam que iam sempre avante
Achando que nunca iriam se perder...

Quem eram aqueles tão belos e perfeitos
Quem eram aqueles que não iam morrer jamais
Que tinham tudo certo e lindos cresceriam até o infinito
Aqueles que iriam só crescer, crescer, crescer...

Éramos nós...éramos nós!

DOCE VINGANÇA

A morte não nos vence

Completamente...

A memória

Nos vinga gentil!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

>O LIVRO DAS REFLEXÕES DA VERDADE E DAS ILUSÕES


O LIVRO DAS REFLEXÕES DA VERDADE E DAS ILUSÕES

REFLEXÕES AO PÉ DA CAMA

Cheguei aos trinta
E pareço bem mais próximo dos quarenta
Que dos vinte.
Toda a experiência da montanha é nada
Comparada à alegria do vento.
Imagino um dia minha barba e o meu bigode.
Já relembro com nostalgia
a infância alegre de meus dias passados
Já cresci aprendido da vida!
Hoje descubro que eram sonhos, nada mais.

Descanso meus sapatos junto à cama
E meu corpo junto ao futuro,
Enquanto durmo...

NADA ESCAPA DOS SONHOS QUE TIVE

Do pecado da carne da música do corpo nu
Do país da miséria dos livros da África do sul
De todos os países subdesenvolvidos dos subestimados
Sobre os envolvidos na chacina do complexo do Carandirú
Dos ridículos que comandam
A todos que são feitos da mesma massa orgânica
Do medo da vida da luz
Do crime da inocência da ferida jorrando pus
De tudo que nos deprime do pouco que nos alegra
Das coisas que nos reprimem de tudo que nos cerca
Do matrimônio do patrimônio da política do planeta terra
Que no planeta Marte exista algo que nos surpreenda
A vida que é bonita é o estandarte que nos embeleza
O homem que nos engana
É o mesmo que chora de noite na cama
O mesmo que faz a guerra dinheiro o caminho a solidão
O sermão da montanha a bíblia o alcorão
A vida que agoniza
Com seus dedos mortos nos apontam
Para onde ninguém enxerga
O início de um novo mundo
O final de uma velha guerra
Uma morte de dias amontoados que ninguém deseja
Uma vitória que ninguém alcança
Quando não há mais esperança...
Quando não há mais esperança!

Nenhuma vida é fraca
Nenhuma farsa é nobre
Nenhum homem que mente
É melhor que o ladrão que foge

Nada escapa dos sonhos que tive esta noite...

AOS TRINTA E CINCO

Só fui me aquietar nessa vida
Aos trinta e cinco
Quis ainda poder o que pode um homem
Aos vinte, vinte e cinco
Mas não era mais hora
Agora, a alma não insistia mais
O corpo não padecia
Mas como ainda pedia
O que eu também queria
E não podia mais...
O amor sempre me resguardou
Mesmo me trazendo dores ao invés de flores
Foi ele quem sempre me ensinou
E eu atento, não perdia um só momento
E atuava feito um ator
Sexo sempre foi um detalhe para mim
Mas que detalhe saboroso!
Porém, era o amor quem mais e sempre
me interessava
Se houvesse sexo sem amor
Só se valesse muito à pena!
Agora, se houvesse o amor, eu não me preocupava
O sexo era certo!
E nunca havia erros e precipitações
Pois quem ama tem nos erros
Adoráveis pitadas de recriação de uma mesma realidade
E nunca é tarde
E sempre há tempo para ser jovem
E jamais envelhecer

À propósito
Aos trinta e cinco
É claro que eu podia muito mais ainda!
Tanto eu quanto a minha alma e o meu corpo
É que o amor agora me era pouco!

DO CORAÇÃO

Até quando para descobrir a alegria
Da despedida
Até quando para sentir o prazer
Da solidão
Até quando para perceber o aceno
De um livro
Até quando para ser...


Até quando para discernir
O riso bom do riso bobo
O homem vivo do vivo-morto
A graça do engraçado
A seriedade do palhaço

Até quando para descobrir
O amor, o Amor!
Até quando para transcender
Com a força que realmente tem uma canção
Até quando esperar
A sorte
Até quando para entender
A morte...
Até quando para sentir
O coração...
De verdade! De verdade !

LUZ INGÊNUA LUZ

Mais uma vez
A distância de meus sonhos se faz presente
Mais uma vez
Sinto a língua amarga do fracasso
Lamber-me as costas, cravar-me os dentes
Sugar a força... desestabilizar!
Acordo cedo para o que já me é tarde
Acordo tarde para o que me é mais preciso
Se eu sonhei a vida toda ninguém tem nada a ver com isso

Todos dizem que sou ingênuo
Mas eu não consigo ver assim
Se eu sou ingênuo por acreditar
Você é o que por desistir?!


Certas coisas só têm importância quando precisam ter importância!

OS ANJOS

Fico pensando
Que casal perfeito
Não são os pobres
Com seus dentes sujos
Anjos a que ninguém
Dá valor!

LASANHA

Se você não está preparado para dar
Você não está preparado para receber
Se você não está nem aí para o próximo
Qual o próximo que pode ser você ?!
Se não temos fome para matar a fome do outro
Até onde vai a nossa própria fome então ?!
De que vale a nossa felicidade
Se esta não é para dividir
Para que a ilusão de ser amado
Se só pensas por um lado
E no fundo só queres saber de si
Para que tanto medo da solidão
Se o deserto já é quase todo o seu interior
O que representa todos esses sorrisos fraternos
Quando se é mais preciso fazer o outro sorrir
O que o outro não consegue fazer por si
Por que achas que mereces ser feliz ?!
Para que querer, desejar, procurar
Tanto alguém para amar
Se não somos nem capazes
De nos olhar no espelho
E nos reconhecermos verdadeiramente...


Se você não entendeu a vida
Tente de novo, ame outra vez!

NATAL

Mas triste
que não ganhar
presente
É não ter
para quem dar !

CIRANDA

Eu influencio meu irmão
Meu irmão influencia seu amigo
Seu amigo influencia meu irmão
E este de volta fala comigo

Minha mãe gosta de novelas
Minha irmã diz que não é com ela
Meu pai adora futebol
Enquanto eu me amarro em rock’n’roll

Eu sou o filho que sou o pai que sou o amigo que sou o vizinho que não sou ninguém
Eu sou o eu que sou o outro que sou o humano que sou o monstro que não sou deus

Eu sou quem ama eu sou quem odeia sou eu quem digo que ligo
(E não tem nada me impedindo)
Mas eu não ligo, eu não ligo, e não há quem me entenda

Eu não me entendo e te influencio
Eu não me amo completamente e digo que te amo perdidamente
- O vazio
Quando não estou mentindo, porque eu nunca minto
Eu nunca minto em vão
Quem é você que diz que me ama
Quem é você que pensa que me odeia...

SOUVENIR

O vento que bate na janela
Relembra tempos revoltos
Mas esta noite
Não há nada que possa nos vencer
Durma tranqüilo então, meu bem
As estrelas continuam no céu
Já não lembramos bem de como tudo se rendeu
E mesmo nós
Que não costumamos nos render assim tão fácil
Já nos vemos nos deixando levar
Assim tão rápido
De um modo que não percebemos
Nem compactuamos

Mais um ano vai findando
E assim continuamos
Invencíveis sem vencer
Invisíveis sem saber...

RETICÊNCIAS

Há vezes que tudo o que quero
E desejo
É o silêncio
O silêncio total
Sem música até
Quase sepulcral
Mas com flores de mil alegrias
Num silêncio de profunda paz
De uma paz com o frescor das rosas de Cartola
Onde o ser e sua existência
Seja encantamentos que se complementam
E até
Onde ninguém me veja

Mas veja só
Quanta bagunça!

PORQUE MORRI

Por que morri?!
Morri pelos desatentos, pelos desalentos
Pelos amores perdidos no vento
Pelos meus próprios medos
E nenhum sucesso
Pelos combalidos, eu morri!
Eu morri
Por todos os tormentos
Por todos os meus erros
Por todos os momentos
Em que as injustiças me fizeram assim
Morri pelo tempo
Desperdiçado pela minha teimosia e ignorância
Pelo menino de cor, sem pele, sem Deus
Feito um soldado sem perfeição
Morri pelos domingos e outros dias sem ceia
No seio da família miserável
Pelo mendigo, pela criança
Sem teto, sem trança e sem cuidado
Pelo moço velho
Pelo homem sem amor, sem emprego, sem escola
Morri
De rir
Quando a estória não era minha
E desigual
Tive um estranho suspiro no coração...

Por que morri?
Porque não morri!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

> > > O LIVRO DAS CANÇÕES PERDIDAS < < <


* O LIVRO DAS CANÇÕES PERDIDAS

A GRANDE TEMPESTADE

A grande tempestade se aproxima
Mas ventos fortes nem sempre chuva indica

Eu posso estar sozinho
E não saber muito bem aonde ir
Mas eu nunca vou deixar
Pequenas coisas me destruir

O que a gente não percebe
É esse fascismo
Corroendo nossos gestos
E infectando o nosso inconsciente

Você faz parte de um conceito
Que sugere civilização
Onde você tem que ser
uma regra
E nunca uma exceção

Todo mundo critica
Esperando que você perdoe depois
Só que todos se parecem
É só reparar em alguns de nós

Desesperança é um segredo comum
Não importa se você tem dezoito, quarenta ou sessenta e um
Há tristeza e o futuro é um bem menor
É vazio a tarde inteira
E pior só o teu interior!

O INIMIGO

O inimigo não vai te atacar como nos filmes de guerra
Nunca será como você espera
Ele estará sempre à espreita
Esperando pelo seu cansaço
Que é a hora em que ele começa
O inimigo nunca terá pressa
Ele estará nas entrelinhas da nossa conversa

O inimigo é o mundo e você a presa
Ele é a tua desesperança
E o sonho que tínhamos quando criança
E o sonho que tínhamos quando criança
Descubra o inimigo, ele almoça contigo.
Ele é a nossa mais dura realidade
Nua e crua se confundindo com a verdade.
Nua e crua se confundindo com a verdade.

O inimigo é tudo aquilo que deixamos de fazer
Que confunde a nossa mente, que não nos deixa crescer.
O inimigo está à solta
Foi teu amigo que não soube fazer a escolha
Por que então, são os teus sonhos que estão sob escolta?
Por que então, são os teus sonhos que estão sob escolta?

Fique atento para as dores do mundo
Ele é tudo a nossa volta

O mundo num minuto te engole, no outro te arrota.
O mundo num minuto te engole, no outro te arrota.
O mundo num minuto te engole, no outro te arrota.

INSUPORTÁVEL

Deve ter alguém
Deve haver alguém
Deve ter alguma coisa
Há de haver algum veneno
Pra matar aquela mosca

Há de haver algum veneno
Pra matar!

Insuportável, insuportável !

Insuportável, intolerável, degradante
Pinho - sol, creolina, desinfetante
Inseticida, pesticida... e os governantes...

Insuportáveis ! Insuportáveis !

Inseticida, pesticida, governantes...

Insuportáveis governantes!

A PÁTRIA

Eles estão rindo à toa
Eles estão rindo não sei do quê
Do que será que eles riem tanto?
Acho que eles estão rindo
É de você!

Eles estão vivos à todo vapor
Eles estão rindo sem nenhum pudor
Rindo da gente na televisão
Eles estão rindo de toda uma nação

Rindo de nós
Quando fingem que não ouvem a nossa voz
Rindo de nós
Quando brincam com a saúde da população
Rindo de nós
Quando dizem que agora está melhor que antes

Eles estão rindo de nós!
Eles estão rindo o tempo inteiro
Daqueles que nunca tiveram voz
De nós que sempre fomos
Tão brasileiros!

REVOLUÇÃO

Estamos por um fio
Estamos por um pavio
Por um centímetro da navalha
Por uma polegada

Estamos por um segundo
Prestes para o fim de tudo
À um passo do fim do mundo
Sem luz no fim do túnel

REVOLUÇÃO!

Clamamos em silêncio

REVOLUÇÃO

Sabemos do incêndio

REVOLUÇÃO

Nascemos do tormento

REVOLUÇÃO

Não temos muito tempo...

Revolução ! Revolução ! Revolução !

DESTRUIÇÃO SOBRE TODAS AS COISAS

Há cheiro de sexo e dinheiro fácil pelo ar
Há cobiça e ganância no centro da sala
Você pensa que esta no controle da situação
Enquanto os sonhos fogem pelas suas mãos

Enquanto nossas mães sobem as escadas da igreja
Você leva as meninas para se divertir
O amor está com as roupas destroçadas
Mendigando sem ter onde dormir

Há destruição sobre todas as coisas
Há cheiro de veneno no ventilador
Gire a hélice para ventilar
E sentirás frio em pleno calor

Há loucuras sobre todas as calmas
Há teia de aranha sobre todas as horas
Verdades que sangram no livro das almas
Há vida pulsando onde você ignora
Há vida pulsando onde você ignora

É a ordem natural das coisas
São as coisas naturais sem ordem
Teu mundo está cheio de desuso
E tua alma agoniza no ócio

Teu coração congela na miséria
Por isso não podes sair desta cela!

O PROCESSO

Estou forçando, não adianta nada
Mas antes sempre vinha, sempre que eu invocava.
Eu ando tão distante das palavras.

Não tenho mais tempo para leitura
E o futuro é só conjectura
Tudo se perde, nada se cria,
Nada dura, tudo se copia.

Toda essa realidade
É uma verdade prematura
Que não soubemos cultivar
Você preocupado com o tempo
E ele tranqüilo a te esmagar
Você preocupado com a hora
O tempo passa e você não se conforma

É a velhice batendo à sua porta
É a velhice batendo à sua porta

Agora não dá mais para voltar
E nada feito
São sempre os mesmo eleitos (Como podem?!)
Alguma coisa está mesmo fora de ordem
Entra março, vem outubro, já estamos em dezembro
Que dia é hoje, que tempo é esse ?!
Tem certas coisas que eu não entendo
Alguma coisa deve está acontecendo
Um processo, um retrocesso
Um ante-projeto para me fazer infeliz

"DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA"

Cuidado com ela
Ela pode te pegar
Você pensa que é mais fácil
É mais difícil acreditar

Discurso da servidão voluntária
Discurso para uma servidão voluntária

Olhe bem para essas páginas
Há um passo para a mediocridade
Qual é tua pátria?
Quem está com a razão?

Você acha correta a sua verdade
Mas quantas verdades há que não são?

Discurso para uma servidão voluntária
Discurso da servidão voluntária!

Nem sempre o que parece certo
Representa salvação
Você não entende a poesia
Continua com os seus dias
Inventando solidão...

Discurso para uma servidão voluntária
Discurso da servidão voluntária
Discurso da voluntária servidão

SEXO & SOLIDÃO

Eu não preciso disso
Eu não quero apenas sexo e solidão.
Eu preciso é de fé, força e coragem,
Não quero perder meu tempo com bobagens.
Eu quero paz de espírito, verdade e inspiração.
Não pode ser assim tão tarde.
Eu não preciso disso
Quero sinceridade
(O ser sincero não mente!)
Eu quero honestidade!

Há amores à vista
Eu sei, não se pode mentir sobre isso,
Eu não quero ver você tentar
Enganar a si próprio por razões egoístas
Às vezes o dia não tem
A promessa da manhã cumprida
Mas sempre haverá um novo sol
Novas tentativas!

Quem sabe Deus não está lhe dando
A oportunidade de você exercer
A sua humanidade!

EU SEMPRE ME LEMBRO

Eu sempre te tenho por perto
No meu pensamento!
Eu sempre lhe quero por perto
E por dentro!

Eu sempre lhe trago por conta
De um sentimento
Eu sempre lhe espero...em silêncio

Eu sempre te vejo bonita
Nas coisas que penso
Eu sempre te vejo envolvida
Eu sempre me lembro

Da nossa história esquecida
Eu nunca esqueço
Da tua lembrança envelhecida
Pelo tempo...

Eu sempre me lembro, eu sempre me lembro!

EU NÃO POSSO MAIS TE AMAR, BABY !

Eu não posso mais te amar, baby
Não posso mais !
Tenho que arrumar meus livros
E outras coisas dentro de mim
Eu não posso mais te amar, baby
Amanhã tenho que acordar bem cedo
E nessas horas dá um medo
Há muita coisa por ser feita
Preciso remendar minhas calças
Devolver aos meus sonhos, suas asas
Preciso me refazer
O café está esfriando, o tempo está passando
E eu não posso mais... não posso mais amar você
Eu não posso mais... não posso mais
Eu não posso mais amar você
Preciso regar as flores!

À DERIVA

Era melhor que tudo se quebrasse antes
E como assim não se desse
O amor passaria então
Por mais um teste
Que não passou e que não vingou
O amor me vem de revés
E quando eu penso que seria a hora
Não era a minha vez
Eu também fico à deriva

Quando parece que estou no comando
E quando estou querendo
É justamente quando parece
Que eu estou menos me importando

Tudo dói, é verdade!
Tudo dói...

Mas tudo é maravilhoso antes de ser tarde
Eu tento fugir o mais que posso
Quando o amor faz o mesmo
Com tudo que é nosso

Eu sempre quis que tudo permanecesse
Que nada se perdesse
Sem que fosse dada a ordem
Para tirar do outro
O que significasse eu para a sua sorte
Então...
Eu penso na princesa e me salvo do dragão!

RETRATO DE UM JOVEM DESCONHECIDO

Estudo para passar
Não tenho hora para comer
Nem vontade de falar
Mesmo quando tenho certeza

Vou quando quero
Volto quando me dá na telha
Você pensa que não
Mas eu não estou de bobeira
Principalmente se hoje é Sexta-feira!

Não tenho nada a ver com nada
Eu sei bem quem me respeita
Quem me rejeita e quem ri da minha cara
Sempre fiz cara feia
Para a tua mediocridade
Quase hipocrisia
Não troco à noite pelo dia

Não devo nada a ninguém

Sigo os meus instintos
Tenho o meu caminho
Vivo a minha vida
Eu me conheço muito bem

E não venha me dizer
Que eu sou meio esquisito
Você diz que eu sou bonito
Enche de graça o meu espírito
E pensa que isso é amor

SOLIDÃO

Eu não tenho dinheiro...
Eu não tenho!
Eu não tenho amigos...
Eu não tenho!
Eu não tenho filhos...
Eu não tenho!
Eu não tenho isso
Não tenho nada disso...

Solidão! Solidão! Solidão!

Solidão do fim do mundo

Solidão de sono profundo

Solidão de todas as moças

Solidão sobre todas as coisas

Solidão de namorado

Solidão no escuro do quarto!



Solidão! Solidão! solidão!

YARA SEXY BLUES

Esteja atenta, garota, às vezes é preciso saber o caminho de volta

Não é o teu cabelo, nem mesmo as tuas roupas
Nem mesmo o teu sexo ou mesmo a tua boca
Que vai fazer de você, uma grande garota

Yara Sexy Blues! Yara Sexy Blues!

Cuidados com trânsito / Cuidados com o tráfico
Cuidados com o sexo / Cuidados com seus passos

Yara Sexy Blues...

Há drogas que ajudam e coisas que machucam
O que vem primeiro?!
Há tanta coisa por fazer e tão pouco tempo !

Yara Sexy Blues! Yara Sexy Blues!

Quantos não querem sentir teu sexo nu?!
Yara Sexy Blues!
Quais são os sonhos que habitam o teu quarto?!
Yara Sexy Blues!
Quantos não querem sentir o teu abraço!
Yara Sexy Blues!
Qual é a data do teu aniversário?

Yara Sexy Blues! Yara Sexy Blues! Yara Sexy Blues!
(...)
Me diz, me diz por que o céu é azul?!